A Garota Que Se Perdeu (Mas Vai Voltar)
No final de ano, minha mãe bateu o martelo
decidindo que íamos a praia, então no
primeiro dia de dois mil e dezessete, eu, meus irmãos e os meus pais estavámos
dentro de um carro indo até o mar.
Sempre gostei de praia, mas eu detestava o
calor. Gostava de sentir o barulho do mar, pegar conchinhas na areia e fazer
uma coleção delas em um pote de geleia vazio. Mas, tinha um problema.
Eu sentia um incomodo nos meus ombros.
Não era os meus pais, estavámos bem
considerando todas as brigas que já tivemos no ano anterior, eles estavam mais
sossegados. Não era o calor, apesar de eu odiar o clima abafado. Não eram os
meus amigos, todos estavam bem, com a cabeça no lugar. E também não era o meu
namorado, que estava viajando assim como eu. Não era nada disso..
Era eu.
Eu estava em uma crise particular de
existencia, sentia que faltava algo em mim. Um pedaço de mim não estava
inteiro, eu me senti com esse peso me torturando, me rendendo a tristeza e não
deixando meu coração flutuar. Fui dormir pensando nisso, alíais eu estava
pensando em tudo: No meu terceiro ano, o que eu ia prestar no
vestibular, Moda? Jornalismo? Como ia ser a convivencia nesse ano com os meus
pais? Será que eu iria me dar bem no estágio que eu tanto queria fazer? E os
meus amigos? E o meu namoro, como ia ser esse ano?
Bem no fim, eu dormi triste. Pois meu corpo
não relaxava e a minha mente estava como um carro de formúla 1 sem um pit
stop para pausar.
No dia seguinte, fui a primeira a acordar e
todos fomos a praia de manhã, eu estava com um conflito com o meu corpo, fazia
um tempo que eu não colocava um biquíni. Eu comecei a olhar em volta, tantas
pessoas diferentes, elas vinham de um lugar que não era o mesmo que o meu, elas
tinham aparencias diversas e corpos também.
Comecei a caminhar sozinha na areia quente,
até que a água começou a bater nos meus pés tortos, chegou aos meus joelhos e
eu me assustei. Eu sabia nadar, porque eu me assustei?
Foi aí que caiu a ficha, ali mesmo com aquela
praia lotada de gente segurando uma boa água de coco, eu via o que tinha
carregado comigo.
Esse peso era resultado das minhas
preocupações, estresse e todo esse drama que percorreu a minha cabeça. Me
ocupei e fiquei irritada com um monte de coisas desnessesárias e um tanto
rídiculas, não dei tanta importancia a assuntos que precisavam da minha atenção
e compreensão, passei o ano todo me sabotando na espera de um final feliz. Eu
estava desesperada com a ideia de sofrer, eu não queria sofrer, queria a todo
custo me livrar de qualquer tipo de dor.
Mas, em que planeta eu não me arriscaria?
Desde quando eu tinha medo de me aventurar?
Fui cada vez mais fundo, fui me entregando a
maré da melhor forma possível, os problemas foram deixando de existir, o peso
não doía mais. Conseguia sentir a felicidade circular ao meu redor, me sentia
como um pássaro livre.
Olhei para trás, vi todas aquelas pessoas,
todas elas tinham problemas, tinham filhos, contas para pagar, sentimentos. Eu,
tinha uma penca de pensamentos e problemas naturais da minha idade. Como diria
o meu melhor amigo `` Voce é como um
io-io humano`` E eu percebi que era da minha personalidade que estávamos
falando, eu era mesmo. Para tudo eu tinha uma crise bipolar, eu era uma
confusão, assim como a maré eu podia ser tranquila mas de um tempo para outro
eu era a fúria em pessoa.
Resolvi que eu ia me libertar, ia fazer a
minha vida do jeito que eu sempre quis que fosse, passando em uma faculdade ou
não, saíndo com os meus amigos, assistindo um filme sexta a noite com a minha
mãe no sofá.
Ah que sensação gostosa era aquela, que brisa
boa batia no meu rosto me fazendo sorrir, perdi tanto tempo com coisas (e
pessoas) miseráveis. Fechei os olhos, respirei fundo e prendi o ar.
Mergulhei trazendo de volta a garota que se
perdeu.
Feliz 2017 a todos!
BEIJO DA MORENA.
FUI.
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