Abre Aspas: Como Deveríamos Fazer As Pazes
É como se, a saudade
jamais pudesse ser suprida. a saudade
dele é sempre igual, é por isso que tenho ciúmes, ele está longe e tudo o que
eu quero é ele por perto, eu sempre ouço que preciso de paciência, mas é
enlouquecedor não sentir ele por perto.
ele me olha, exausto. eu sei, ele também está frustrado,
deve estar pior que eu, mas juro que eu poderia puxar ele contra mim e dizer
pra ele ficar. pois tudo faz sentido com ele aqui.
você coloca as mãos atrás da cabeça, meio de saco cheio, a
toxina das nossas bocas queimou nossas bochechas. mas não se engane, não importa
aonde isso vai chegar, você ainda quer me colocar no chão.
Me abra, como se eu fosse um mapa
com o dedo, vá rastreando os lugares
que você quer ir em mim. me beije como se eu fosse o centro da gravidade e você
caísse em mim como se minha alma fosse o ponto focal da sua. e quando sua boca
estiver beijando outras partes em mim, eu abro as pernas, por hábito, e te
trago pra dentro.
quando a rua inteira estiver olhando pela janela perguntando
o porquê de tanto barulho, os carros dos bombeiros vão chegar para nos salvar, não
vão saber se as chamas são de raiva ou de paixão. Vou sorrir, vou jogar a cabeça
pra trás e, arquear meu corpo todo como se fosse uma montanha que você quer
partir ao meio. pode lamber amor.
como se sua boca tivesse o dom da leitura e eu fosse seu
livro favorito. ache a pagina favorita no ponto macio entre minhas pernas e
leia devagar. fluente. com vontade. não ouse deixar nenhuma palavra intocada e
eu juro que o final vai ser tão bom. as palavras finais vem vindo. deslizando-as
pela sua boca, e quando você terminar, sente-se, minha vez de fazer música com
os joelhos no chão.
meu bem, é assim. que arrancamos linguagem um do outro com a
ponta da língua. é assim que discutimos. é assim que fazemos as pazes.
mesclagem e tributo à leite com mel - Rupi Kaur
voltei, meus consagrados.
- Nicolly Rochavetz.
0 comentários
Comente aqui o que achou do post!